Zona Norte

'Tiraram o sonho dele', diz morador em protesto por morte de jovem

Adolescente de 14 anos foi morto durante ação da PRF no Chapadão

Cartazes foram mostrados para protestar contra a morte do menor
Cartazes foram mostrados para protestar contra a morte do menor |  Foto: Lucas Alvarenga
  

Moradores do Complexo do Chapadão, na Zona Norte, fizeram um protesto na manhã desta sexta (28), nas imediações da favela, em razão da morte de um adolescente de 14 anos atingido durante ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na noite desta quinta-feira (27) na comunidade. 

Barricadas com fogo, lojas fechadas e motoristas tentando fugir deram o tom na região. A ação aconteceu pouco tempo depois da morte do agente da PRF Bruno Vanzan, de 41 anos, durante uma tentativa de assalto na Vila Militar, na Zona Oeste do Rio. 

Motoristas que trafegavam pela região buscaram outras rotas para fugir do trânsito, que ficou caótico. Muitos condutores subiram nas calçadas para seguir no sentido Ricardo de Albuquerque.

Pneus, madeiras com fogo foram colocados na pista das principais vias da região
Pneus, madeiras com fogo foram colocados na pista das principais vias da região |  Foto: Lucas Alvarenga
  

Em alguns trechos da via era possível ver pneus e madeiras. Os objetos ocupavam uma das faixas. 

"Mais uma vez a polícia vem na nossa comunidade e faz desgraça, dessa vez mataram uma criança, o menino estudava, tiraram o sonho dele. Ele trabalhava para ajudar a família. Eu quero saber se dessa vez vão mandar delegado geral para negociar com a família, ou pelo menos para pedir desculpas. Na comunidade a gente não tem voz. Nós não somos bandidos, somos moradores. Eu nunca protestei na minha vida, o Lorenzo jogava bola com o meu enteado. Eu estou indignado com isso", disse o vendedor Luiz Antônio da Silva, de 44 anos, conhecido do adolescente. 

Um blindado também dá apoio à ação na comunidade
Um blindado também dá apoio à ação na comunidade |  Foto: Lucas Alvarenga
  

Militares do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) deram apoio ao reforço policial. Apesar disso, a sensação ainda era de medo e lojistas fecharam as portas.

A filial de uma rede de supermercados não abriu as portas e não tem expectativa de funcionamento nesta sexta.

"Até o momento a loja vai ficar fechada por conta dessa situação, não sabemos se iremos funcionar nas próximas horas", contou um funcionário que preferiu não se identificar. 

"Esse menino estudava no mesmo colégio da minha neta. Ele entregava x-tudo para sobreviver, porque o Auxílio Brasil é pouco. Eu só peço uma coisa em nome de Jesus, não tirem o sonho de uma criança crescer. Esse é o pedido de uma mãe, de uma avó. Eu conheço a família do menino. Esse estado está armado e sem preparo", clamou Genildo Lopes Batista, de 72 anos.

< Após tropeço, Vasco seca e faz contas para subir à Série A Confusão e revolta: rubro-negros ficam sem voos para o Equador <