Sessão solene
Congresso homenageia policiais mortos na megaoperação do Rio
Ação teve mais de 120 mortos e críticas do presidente Lula

O Congresso Nacional realizou, nesta quarta-feira (12), uma sessão solene em homenagem aos quatro policiais mortos durante a Operação Contenção, deflagrada no dia 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A cerimônia contou com a presença de familiares dos agentes, de parlamentares e do governador fluminense, Cláudio Castro (PL).
Foram lembrados os policiais militares Heber Carvalho da Fonseca e Clei Serafim Gonçalves, além dos policiais civis Rodrigo Velloso Cabral e Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho. A homenagem foi estendida às polícias Civil e Militar do estado e ao governador, em reconhecimento à condução da operação.
A iniciativa partiu do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Doutor Luizinho (PP-RJ). Em discurso, Nogueira afirmou ser “necessário reconhecer a bravura dos policiais civis e militares que arriscaram suas vidas no combate às organizações criminosas”. Segundo ele, a ação representou “a defesa da população contra o crime que escraviza o povo”, sem que isso signifique “aterrorizar comunidades”.
Luizinho classificou a operação como “um marco no enfrentamento à criminalidade” e defendeu que o Congresso tem o dever de “reconhecer o sacrifício dos policiais que, diariamente, arriscam suas vidas”.
Operação
De acordo com o governo do Rio, a Operação Contenção resultou em 121 mortes, sendo 117 de suspeitos e quatro de policiais, além da apreensão de 93 fuzis e da prisão de 113 pessoas. Dos 100 mandados de prisão expedidos pela Justiça, apenas 20 foram cumpridos.
O principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, segue foragido. Mesmo assim, Castro classificou a ação como “um sucesso”, o que provocou críticas de entidades de direitos humanos e de associações de moradores. A Anistia Internacional chamou a operação de “desastrosa”.

Presente na solenidade, o governador voltou a afirmar que as únicas vítimas da operação foram os policiais mortos e feridos. “Esta é uma homenagem justa, mas triste”, disse, ao lembrar dos quatro agentes.
Castro também criticou novamente as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à realização de operações policiais em comunidades, por meio da ADPF das Favelas, que desde 2020 estabelece limites a ações em áreas densamente povoadas.
“Foi preciso uma grande operação, que custou a vida de quatro guerreiros, para o Brasil perceber que há um lado claro”, afirmou o governador, citando pesquisas que apontam apoio popular à política de enfrentamento.
'Matança'
A operação, entretanto, segue sob forte contestação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a ação como uma “matança”. Em entrevista concedida a agências internacionais, em Belém, onde ocorrerá a Cúpula do Clima, Lula afirmou que, “do ponto de vista da ação do Estado, ela foi desastrosa”.
Segundo o presidente, o governo federal deve pressionar por uma investigação independente sobre as circunstâncias da operação. “A ordem do juiz era de prisão, não de matança, e houve uma matança”, declarou.

Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!




