Investigações
Desaparecimento de indigenista e jornalista: o que se sabe?
Ambos sumiram a uma semana após uma expedição na Amazônia
O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips completou uma semana neste domingo (12). Ambos estavam em uma expedição no Vale do Javari, no Amazonas, com o objetivo de entrevistar indígenas da região.
Até o momento não há nenhum sinal de onde ambos possam estar. Familiares e amigos dos desaparecidos se reuniram na manhã deste domingo (12) em uma ato na praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, local onde Dom praticava stand-up Paddle.
As buscas continuam sendo realizadas por equipes da Polícia Federal, Polícia Civil, indígenas e grupos de apoio. O principal local de procura é o rio Itaquaí, próximo a cidade de Atalaia do Norte, município de destino de ambos. O ENFOCO preparou esse material para contar o que se sabe até o momento:
Quem são?
Bruno Pereira é considerado um dos indigenistas mais experientes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e conhece bem a região da Amazônia. O brasileiro foi Coordenador da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. O homem também foi Coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai.
O jornalista Dom Phillips mora no Brasil desde 2007. O repórter já trabalhou em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, local atual de sua moradia. Dom já trabalhou para jornais importantes ao redor do mundo como "The Washington Post", "The New York Times" e para o "The Guardian", onde atuava como freelancer. Phillips é apaixonado pelo Brasil.
Objetivo da expedição
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), a equipe tinha como objetivo visitar outros membros da Vigilância Indígena próximo ao Lago do Jaburu, local de uma Base da Vigilância da Funai no rio Ituí. A ideia era que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Bruno também gostaria de alinhar ideias entre ribeirinhos e indígenas.
Desaparecimento
A presença na base aconteceu na última sexta-feira (3). No caminho de volta neste domingo (5), eles pararam na comunidade São Rafael, antes de chegar em Atalaia do Norte, com com o objetivo de conversar com o líder, identificado como "Churrasco", para consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas. O homem não estava, mas houve um bate-papo com a esposa do líder comunitário.
Após o encontro, ambos deixaram a comunidade. No entanto, a família dos dois não tiveram mais notícias sobre seus paradeiros. O trajeto entre São Rafael e Atalaia do Norte deveria ter durado no máximo duas horas.
Ameaças
De acordo com a Univaja, ambos receberam ameaças nos últimos dias por causa do trabalho realizado contra invasores, garimpeiros e pescadores da região. Em abril, Bruno relatou ao Ministério Público Federal (MPF) que recebeu ameaças de uma organização criminosa que lida com pescas e caças ilegais na Amazônia.
Suspeito
O pescador Amarildo da Costa de Oliveira, também conhecido como "Pelado", é o principal suspeito de ser o autor do desaparecimento de Bruno e Dom. Segundo testemunhas, o homem havia ameaçado a equipe dias antes do sumiço. Amarildo estava com outros dois homens perto da entrada de uma área indígena.
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) decretou a prisão temporária de Amarildo por 30 dias. O homem foi preso nesta terça-feira (7) com drogas e munição de uso restrito das Forças Armadas.
Material genético
A Polícia Federal encontrou manchas de sangue dentro da lancha usada por Amarildo. O material será analisado e comparado para identificar se corresponde a genética de Bruno ou de Dom. Nesta sexta-feira (10), um grupo de buscas encontrou um material orgânico aparentemente humano dentro do rio Itaquaí.
O material foi encaminhado para análise pericial no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.
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