Cumprimento da lei
Mães pedem justiça em ato contra racismo infantil em Niterói
A intenção do evento era cobrar o cumprimento da Lei
A Comissão do "Cumpra-se!" da Alerj promoveu um ato contra o racismo infantil na manhã deste sábado (11) em frente ao terminal rodoviário de Niterói. Três mães, que seus filhos sofreram racismo, foram pedir justiça e o cumprimento da lei 8515/19, a qual incita que sejam aplicadas penalidades administrativas em casos de racismo dentro do estabelecimento.
Ataise Oliveira Andrade, 38 anos, que é agente de cidadania, contou que seu filho sofreu racismo em janeiro deste ano pelo segurança de um shopping em Itaipu. A mulher se emociona ao contar sobre o caso sofrido por seu filho, ela ainda explica que essa situação mudou a cabeça da criança e deixou marcas que jamais serão esquecidas.
"Hoje eu tenho um filho assim, uma criança triste, agressiva, ele regrediu, está traumatizado, não sai mais de casa. Eu hoje preciso largar metade do meu dia de trabalho para levá-lo ao psicólogo, uma vez por semana. Então assim, uma criança que era super pro alto, de boa, agora está traumatizado", detalhou Ataise, bastante emocionada.
Outra mãe que estava presente no ato, foi Jaine dos Santos, de 27 anos, a qual sua filha de 11 anos sofreu racismo dentro de um estabelecimento no Centro de Niterói. A vendedora contou que estava dentro de uma loja comprando o material escolar junto com a criança e uma amiga da escola, quando as meninas sofrem preconceito pelo segurança e pelo gerente da papelaria.
Janice explica que não está buscando justiça por si, mas sim pela sua filha: "Por mim eu deixaria passar, porque isso dói demais, mas é por ela, porque é ela que me dá forças pra eu continuar nessa, eu procurei o advogado e hoje estamos aqui realizando esse ato para que essas situações não venham acontecer com outras crianças."
Por fim, a pescadora Célia Regina Cristina leite, de 40 anos, também comentou sobre a necessidade de correr atrás dos direitos das crianças. A filha de Célia sofreu racismo infantil também em janeiro deste ano através das redes sociais. A menina de apenas 10 anos foi ofendida nos comentários em um vídeo que publicou.
"Eu não vim por mim, eu vim por ela, porque ela me pediu, mas tô tirando forças de onde não tenho para outras crianças também. Porque isso mexeu com a minha filha, ela perdeu a vontade de postar vídeos nas redes sociais, às vezes chora, graças a deus a gente tem acolhimento da nossa família, mas ela ainda tem medo de ser discriminada de novo, de ser chamada de 'macaca' novamente. Por isso hoje estamos aqui, atrás de justiça, porque tem lei, chega de racismo", afirmou a pescadora.
O evento teve apoio da Câmara de Diretores Lojistas (CDL), da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de Niterói, da OAB e do Conselho de Igualdade Racial. A secretária de direitos humanos e cidadania, Nadine Borges, também marcou presença e reafirmou a importância do cumprimento da lei para que haja justiça para essas crianças. Além disso, a banda Olodum Mirim também marcou presença e animou o ato.
O conselheiro Erik Santanna também esteve presente no ato para trazer apoio à essas famílias. Erik ainda alertou que caso alguém venha presenciar qualquer tipo de ato de racismo, homofobia, assédio, qualquer violação aos direitos da criança e do adolescente, pode estar denunciando pelo Disque 100 ou acionar de imediato o conselho tutelar, pelos números (85) 3238-1828 ou (85) 98970-5479. A ligação é gratuita, anônima e com atendimento 24 horas.
O advogado Daniel Vargas, de 45 anos, explicou sobre como andam os processos dos casos de racismo infantil que aconteceram em Niterói: "Nós atuamos em todos os casos e eles estão sendo investigados, o caso especificamente do shopping que foi registrado na 81ª DP (Itaipu) nós estamos oficiando a Decradi, para que possa estar atuando em conjunto, por ser a especializada. E os outros dois casos, que seriam o caso da loja e o da rede social, está em evolução descobrindo o paradeiro das pessoas".
O especialista ainda alerta que as pessoas devem buscar testemunhas e reunir provas para registrar o caso de injúria racial em alguma delegacia. O recomendado é procurar a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), para que o caso seja investigado corretamente.
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