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    Dossiê Duas Rodas

    Acidentes de moto: os desafios e soluções para um trânsito mais seguro

    Último capítulo da série do ENFOCO aponta o que pode ser feito

    Publicado 22/10/2025 às 7:05 | Autor: Tayná Ferreira
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    Dossiê Duas Rodas: série do ENFOCO faz radiografia dos acidentes de moto
    Dossiê Duas Rodas: série do ENFOCO faz radiografia dos acidentes de moto |  Foto: Lucas Alvarenga

    Engenheiro de transportes e professor titular da Universidade Federal Fluminense (UFF), Aurélio Lamare Soares Murta faz um alerta: a fiscalização ainda é insuficiente para coibir a imprudência no trânsito em Niterói e São Gonçalo. Série do ENFOCO, Dossiê Duas Rodas aponta os problemas e soluções para um trânsito com menos acidentes de moto. 

    “Há carência de agentes, integração entre órgãos e uso de tecnologia. Outro desafio é a baixa efetividade das penalidades: muitas infrações leves não geram dissuasão real. Em São Gonçalo, a carência de radares e câmeras impede o controle efetivo da velocidade; em Niterói, a fiscalização eletrônica é concentrada em poucos eixos. Falta também monitoramento orientado por dados e campanhas educativas contínuas" , pontua.

    Segundo o especialista, reduzir os acidentes exige uma abordagem integrada, que envolva poder público, empresas e sociedade civil.

    “O poder público deve articular fiscalização, infraestrutura e educação. As empresas de entrega precisam adotar políticas de segurança e oferecer treinamento obrigatório. Já a sociedade pode atuar por meio de associações de motociclistas e programas de sensibilização comunitária. Somente a convergência entre esses atores; apoiada por dados, transparência e metas verificáveis; pode reduzir de forma sustentável a violência viária envolvendo motocicletas”, afirma.

    Entre as medidas urgentes sugeridas estão:

    • Implantar faixas preferenciais para motos em vias de grande fluxo;

    • Intensificar campanhas educativas e programas de formação continuada;

    • Ampliar o uso de câmeras inteligentes e radares em pontos críticos;

    • Melhorar a pavimentação e a sinalização;

    • Criar programas de incentivo ao uso de equipamentos de segurança;

    • Realizar inspeções periódicas nas motocicletas.

    Aspas da citação
    Essas ações devem estar integradas a políticas públicas de mobilidade segura, com metas e indicadores de redução de acidentes
    Aurélio Lamare Soares Murta engenheiro de transportes
    Aspas da citação

    O criador do curso Pilotagem Urbana, Ângelo Alves, defende uma postura mais rigorosa do poder público.

    “É preciso tolerância zero. Há pessoas que nunca andaram de moto pegando corrida por aplicativo sem sequer ajustar a fivela do capacete, dessa forma andando sem capacete. A sociedade precisa ter empatia entendendo que ao usar o celular durante sua direção, ela está colocando a vida de outros em risco."

    A Associação dos Motofrentistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AMABR) afirma que promove mais segurança aos profissionais que trabalham com aplicativos ao cumprir a Lei nº 12.009, que regulamenta as profissões de mototaxista e motoboy no Brasil.

    Essa lei estabelece as normas para o exercício dessas atividades, incluindo requisitos para os profissionais e para as motocicletas, como idade mínima, tempo de habilitação, cursos especializados, equipamentos de segurança (colete, protetor de motor, corta-linha) e autorização do poder público.

    "O trabalhador passa por um curso de capacitação de 30 horas, que aborda todos os riscos da profissão e prepara o profissional para a parte prática e teórica. Esse treinamento oferece uma percepção clara dos perigos envolvidos na atividade, fazendo com que o motociclista tenha mais cuidado, saiba evitar riscos e como agir em situações de perigo. Além disso, os acessórios de segurança utilizados, bem como a manutenção regular do veículo, que deve estar sempre em bom estado de conservação, são fundamentais para a prevenção de acidentes — um dos principais fatores relacionados aos sinistros.", explica Edgar.

    Campanhas nas ruas

    De acordo com a Prefeitura de São Gonçalo, o município realiza, em parceria com o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), a campanha “Imprudência custa caro”, que tem como objetivo chamar a atenção para o aumento significativo no número de acidentes envolvendo motocicletas na cidade, a maior parte causada por descuido ou irresponsabilidade dos condutores.

    Além disso, a Secretaria de Meio Ambiente e Transportes faz, semanalmente, ações da Operação Tolerância Zero, voltadas ao combate de motocicletas com escapamentos irregulares, descarga adulterada ou veículos circulando sem placa. Segundo o órgão, em média, mais de 600 motociclistas são abordados semanalmente pela cidade.

    Já a Prefeitura de Niterói, por meio da Nittrans, informou que possui uma equipe voltada à Educação Para o Trânsito que realiza, continuamente, campanhas e ações de conscientização e respeito às leis e normas de trânsito, para a proteção das pessoas que transitam pela cidade, pedestres, ciclistas, motociclistas, passageiros e motoristas. O objetivo é sensibilizar a população sobre a importância do comportamento seguro nas vias públicas.

    Segundo a prefeitura, ao longo do ano, são realizadas diversas campanhas educativas de trânsito, como a Operação Volta às Aulas, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a Guarda Municipal, com foco na segurança viária no entorno das escolas. A ação promove orientações sobre o uso correto das faixas de pedestres e o respeito às normas de trânsito, envolvendo alunos, pais, responsáveis e educadores.

    O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) afirmou que faz operações de fiscalização de trânsito em todo o Estado do Rio, em parceria com prefeituras. Além disso, o departamento participa da Operação Lei Seca, que, embora dê ênfase às infrações de alcoolemia na direção, fiscaliza qualquer irregularidade de trânsito.

    "A segurança viária, especialmente dos motociclistas, é preocupação constante do Detran RJ e de diversos órgãos parceiros. O Detran faz campanhas educativas de conscientização, sempre dando ênfase aos motociclistas, com distribuição de material educativo e palestras em escolas e empresas. Nas ações, os agentes orientam os motociclistas a não conduzir a moto de forma imprudente, ensinam sobre a existência de pontos cegos em veículos maiores (ônibus e caminhões), entre outras situações.

    O órgão ainda ressalta que está ciente do aumento dos acidentes envolvendo motociclistas e, por isso, está intensificando ações educativas focadas na conscientização e na redução desses índices.

    “O grande objetivo do Detran é reduzir os sinistros e as mortes no trânsito, principalmente os que envolvem motociclistas. Acreditamos que a educação é o caminho para mudar a cultura da imprudência, tornando o trânsito mais seguro e humanizado”.

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    Tayná Ferreira

    Tayná Ferreira

    Repórter sob Supervisão

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