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    Investigação

    Horror em São Gonçalo: padrasto é acusado de abusar do enteado por seis anos

    Adolescente contou tudo para a família: 'Queremos justiça'

    Publicado 17/09/2025 às 7:23 | Atualizado em 17/09/2025 às 9:26 | Autor: Ezequiel Manhães
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    O caso será investigado pela delegacia de Alcântara
    O caso será investigado pela delegacia de Alcântara |  Foto: Arquivo

    O padrasto de um adolescente de 13 anos é acusado de ter abusado sexualmente do próprio enteado, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, durante seis anos. A vítima contou tudo para a família na última segunda-feira (8). Desde então, o acusado pelo crime desapareceu.

    Um inquérito policial foi instaurado na 74ª DP (Alcântara) para apurar o caso. De acordo com os investigadores, "diligências estão em andamento". A Polícia Civil não concedeu mais informações solicitadas pelo ENFOCO.

    O suspeito é empresário e tem dois filhos com a mãe da vítima, que denunciou o caso à polícia. Ele segue em liberdade, o que tem gerado revolta da família e mobilização por Justiça.

    Medo

    Segundo o relato da irmã da vítima, que não será identificada por segurança, os abusos começaram quando o menino tinha apenas 7 anos e ocorriam dentro da própria casa e em viagens, sempre sob ameaças e manipulação emocional. Além disso, o homem é acusado de "dar drogas disfarçadas de chá" ao menino, conforme parentes.

    "Ele tinha medo porque o abusador, esse monstro, falava pra ele que se ele contasse pra minha mãe, ele contaria que o meu irmão que pedia e queria. E o meu irmão se sentia culpado e tinha muito medo de contar", diz indignada a enteada do acusado.

    Tudo teria começado com o homem mostrando imagens pornográficas para o menor dentro do carro, quando estavam sozinhos:

    "Ele mandava o meu irmão assistir pornografia no carro, mostrando pra ele que era legal, depois passou meu irmão pro banco da frente, aí começaram os abusos... falando que era normal pro menino. Minha mãe acredito que ela se sinta culpada por ter confiado em um homem desse que aparentemente não parecia que era esse monstro".

    Denúncia

    Antes de revelar o caso para a mãe, a vítima enviou uma mensagem para os irmãos mais velhos, na última semana, sendo encorajada a denunciar:

    "Ele disse que achava que [o acusado] havia o molestado. Eu falei: 'como assim?'. Ele estava na escola, e me ligou e contou que em uma ocasião estava dormindo, quando [o acusado] foi fazendo carinho na barriga e nisso passou as mãos nas partes íntimas dele. Quando o meu irmão me contou, eu disse que isso não era normal e que era pra ele conversar com a minha mãe", diz a irmã.

    Na noite do mesmo dia, o menino conseguiu contar os abusos para a responsável, que logo tomou a atitude de fazer um boletim de ocorrência. A partir daí, a mulher também saiu de casa e tentou solicitar uma medida protetiva contra o homem, que ainda não foi concedida.

    "Ele sentiu que a minha mãe deu apoio a ele e começou a contar as coisas todas. Porque ele viu que a minha mãe não iria brigar com ele, que era o que o abusador colocava na cabeça dele. E ele teve coragem pra poder contar. A minha reação foi desesperadora. É revoltante. A nossa vontade é fazer justiça com as próprias mãos, mas a gente espera que a justiça aqui na terra ocorra".

    Abalo emocional

    A irmã do menor diz que, no dia do acontecimento, a família ficou muito abalada e mudou a rotina. A criança está em tratamento psicológico e também mudou de escola.

    "No dia nem fui trabalhar. Eu e meu irmão mais velho viemos ficar com minha mãe. Meu pai também veio. Eles foram fazer o boletim de ocorrência. Mas a minha reação foi de raiva, muito ódio".

    'Manipulador'

    Considerado como manipulador pela enteada, a família nunca desconfiou dos abusos.

    "Eu acredito que o que levou o meu irmão a contar agora foi a reaproximação que ele teve com o nosso pai de sangue, porque por muitos anos esse meu padrasto afastou meus irmãos do meu pai. Ele era muito manipulador".

    Religioso, ninguém imaginava que o acusado cometia os crimes:

    "Está todo mundo revoltado, sem acreditar, porque ele era um monstro mas ele se escondia debaixo de uma capa de ovelha, bonzinho. Eu mesma não suspeitava disso, mas eu nunca fui muito com a cara dele, eu nunca gostei dele, porque eu achava ele muito charlatão. Sabe aquela pessoa que quer se mostrar o tempo todo, mas não é aquilo que ela fala? Eu nunca tive uma relação boa com ele, inclusive já discuti com ele várias vezes. Só que imaginar isso, um abuso, eu nunca desconfiei", conta a enteada do acusado.

    A familiar da vítima continua dizendo que após ter ciência dos crimes, começou a identificar situações que antes não desconfiava.

    "Eu achava às vezes até que ele ficava abraçando muito meu irmão, umas coisas assim, mas eu achava que era carinho mesmo normal. Mas depois que a gente conversou com outras pessoas, a gente foi ligando os fatos e conseguiu identificar vários momentos que a gente poderia ter percebido, mas achava que era um abraço normal, um carinho normal, mas não era", lamenta.

    Acusado não prestou depoimento

    Apesar de ter sido convocado pela polícia para prestar depoimento, segundo a família da vítima, o acusado teria faltado, no último dia 12. 

    "O boletim de ocorrência foi feito e pelo que eu sei dia 12 ele foi chamado pra depor e não foi. Eu não sei se ele remarcou pra ir outro dia. Meu pai vai junto com meu irmão fazer corpo de delito e meu irmão vai depor novamente. Minha mãe tentou fazer uma medida protetiva, só que o policial que estava de plantão falou pra ela tentar vir durante a semana, pra não atrasar o caso. Não sei se isso procede. A proteção que a gente tem feito é manter minha mãe num local que ele [o acusado] não chegue perto".

    A irmã da vítima disse que o menino está bem, na medida do possível, e sendo acompanhado profissionalmente.

    "Meu pai também está dando todo suporte a ele, levou ele pra fazer exames, já está fazendo terapia, já está numa nova escola. Nesse momento eu acredito que o maior desafio seja superar esse trauma".

    Na igreja evangélica onde o acusado frequentava e fornecia materiais de limpeza, em Niterói, a reação foi de espanto:

    "Eu tiro força da onde tiver que tirar pra proteger meu irmão e expor esse caso e pedir justiça, porque eu quero ver esse homem preso. Não aceito esse homem ter feito o que fez e solto. Eu espalhei a foto na igreja que ele fazia parte, e o pessoal falou que no dia anterior desse acontecido ele estava lá falando com todo mundo normalmente. E ele tem uma empresa em que ele fazia entrega pra essa igreja e ele estava lá fazendo tudo normalmente, falando com todo mundo", contou.

    Justiça

    Por fim, a irmã da vítima deixa um alerta para as pessoas que são abusadas e têm medo de falar sobre o caso.

    "Tenham coragem de contar, de expor mesmo, de contar pra alguém de confiança. Isso não é certo e nunca será. Quanto mais casos desses forem expostos, mais coragem as pessoas vão ter de contar, porque vão ver que estão errados. Quanto mais a gente calar, mais crianças e outras pessoas que foram abusadas vão ficar caladas. A justiça tem que ser feita".

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    Ezequiel Manhães

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