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    Barbeiro que causa Doença de Chagas é achado em Niterói: saiba o que fazer

    Vídeo de biólogo viralizou, e prefeitura acompanhou caso

    Publicado 13/08/2025 às 6:56 | Atualizado em 13/08/2025 às 7:13 | Autor: Ezequiel Manhães
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    Triatoma vitticeps achado pelo biólogo estava contaminado
    Triatoma vitticeps achado pelo biólogo estava contaminado |  Foto: Reprodução

    Um barbeiro infectado com o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas, foi encontrado no bairro de Itacoatiara, na Região Oceânica de Niterói. O caso foi divulgado pelo professor Felippe Santolia, 25 anos, farmacêutico, biólogo e mestrando pela Fiocruz, que publicou vídeos de alerta nas redes sociais.

    Segundo ele, dois insetos - sendo um da espécie Panstrongylus geniculatus (não contaminado), e outro da espécie Triatoma vitticeps (contaminado) foram localizados dentro do seu escritório em datas diferentes: o primeiro em outubro de 2024; e o segundo, infectado, em fevereiro de 2025.

    O material foi encaminhado ao Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos (LNIRTT), da Fiocruz, em 18 de março deste ano, que confirmou o resultado positivo em 30 de maio, após análise feita pelo Laboratório de Parasitologia Integrativa e Paleoparasitologia (LPIP).

    “Geralmente, esses insetos não invadem com frequência as residências. Quando acontece, pode estar ligado à degradação do habitat natural, como queimadas, que forçam o animal a buscar refúgio em outros locais”, explicou Santolia.

    Panstrongylus geniculatus
    Panstrongylus geniculatus |  Foto: Arquivo Pessoal
    Aspas da citação
    Esse tipo de ocorrência não deve ser motivo de pânico e não é indicativo de nenhum tipo de epidemia, mas é fundamental que o cidadão saiba como agir ao encontrar um exemplar.
    Felippe Santolia, farmacêutico e biólogo
    Aspas da citação

    Como identificar e o que fazer

    Felippe enfatiza que não fala em nome de nenhuma instituição, tampouco da Fiocruz. Mas com base em seus conhecimentos acadêmicos, alerta que a identificação do barbeiro exige cautela, já que há espécies semelhantes que não transmitem a doença. 

    "A identificação desse tipo de inseto deve ser feita com extremo cuidado, pois existem várias espécies que se assemelham ao barbeiro, mas não o são, o que pode gerar pânico desnecessário. No meu caso, a identificação foi feita a olho nu, utilizando meu conhecimento como Farmacêutico, Biólogo e aluno de Mestrado na Fiocruz na área da Doença de Chagas. Além disso, compartilhei a análise com colegas da área".

    Procurada, a Fiocruz diz que para ajudar a população a reconhecer e lidar corretamente com esses vetores, disponibiliza um site com diversas informações sobre o inseto (clique aqui).

    Em caso de encontro com o inseto, o correto é acionar o Centro de Zoonoses. Em Niterói, os contatos são (21) 96955-0746 e (21) 99639-4251.

    “Não se deve manusear o inseto livremente. O ideal é colocá-lo em um recipiente, de preferência com luvas. E nunca esmagar, pois, se estiver infectado, pode liberar fluidos com o parasita”, reforçou o pesquisador Felippe Santolia.

    Posicionamento do município

    A Secretaria Municipal de Saúde informou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) acompanhou o caso. O órgão destaca que espécies de barbeiros são comuns na Mata Atlântica, presente em mais de 50% do território de Niterói, e que há anos não há registros de transmissão da doença na cidade.

    A espécie T. vitticeps, embora possa entrar em residências, é considerada silvestre e não está entre as mais relevantes para a transmissão.

    "A recomendação do Ministério da Saúde para a situação do município de Niterói é a chamada vigilância passiva, ou seja, atender à demanda quando procurado pelo munícipe. Esse acompanhamento é feito rotineiramente. Quando munícipes relatam a presença desses animais, identificamos o hábito alimentar ou a espécie (se barbeiro, que se alimenta de sangue, ou outro tipo de percevejo que se alimenta de outros insetos ou de plantas), é realizada a visita domiciliar quando necessário".

    O CCZ orienta que, ao encontrar um inseto suspeito, ele seja capturado em recipiente fechado e levado ao órgão, que fica na Rua Coronel Miranda, 18, Ponta D’Areia.

    Análise da Fiocruz

    Laudo emitido pela Fiocruz ao qual o  ENFOCO teve acesso
    Laudo emitido pela Fiocruz ao qual o ENFOCO teve acesso |  Foto: Reprodução

    O Instituto Oswaldo Cruz confirmou ao ENFOCO a identificação do barbeiro infectado e destacou que a espécie pode ocasionalmente invadir casas próximas a áreas de mata. Segundo o órgão, a melhor prevenção é instalar telas em portas e janelas.

    A Fiocruz também alerta que a forma mais comum de transmissão no Brasil atualmente é a via oral, pelo consumo de alimentos contaminados, como açaí e caldo de cana. A transmissão direta ocorre quando as fezes do barbeiro infectado entram em contato com feridas na pele ou mucosas.

    A doença

    A Doença de Chagas atinge entre seis e sete milhões de pessoas no mundo, segundo a OMS, e cerca de um milhão no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Possui duas fases:

    - Aguda: pode apresentar febre, dores no corpo e inchaço no local da picada, mas também pode ser assintomática.

    - Crônica: pode causar insuficiência cardíaca ou problemas digestivos.

    "Logo após a infecção, os pacientes podem apresentar sintomas como febre, mal-estar, inchaço no rosto ou nas pernas, entre outros. Esse período, chamado de fase aguda da doença, também pode ser assintomático. Depois disso, as pessoas costumam passar anos sem manifestações clínicas, e muitos vivem a vida inteira sem complicações, apesar da infecção pelo T. cruzi. No entanto, cerca de um terço dos pacientes desenvolve problemas cardíacos devido à doença de Chagas crônica, e aproximadamente um em cada dez apresenta complicações digestivas, neurológicas ou mistas", explica a Fiocruz.

    A identificação de insetos vetores e a detecção de possível infecção pelo T. cruzi são fundamentais para orientar as ações de vigilância em saúde e a adoção de políticas públicas de controle do vetor e da doença. No Brasil, são conhecidas 64 espécies de triatomíneos, e todas podem transmitir o T. cruzi.

    Ao encontrar um inseto suspeito que se pareça com um barbeiro, é preciso ter cuidado. É importante adotar medidas para evitar o contato com o inseto e a contaminação de alimentos.

    Serviço

    Em Niterói, casos suspeitos devem ser comunicados ao Centro de Controle de Zoonoses:

    Rua Coronel Miranda, 18 – Ponta D’Areia

    Contatos: (21) 99639-4251 | WhatsApp (21) 96955-0746

    E-mail: [email protected]

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    Ezequiel Manhães

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